Uma doença muito comum no mundo é a Pitiríase versicolor, mais conhecida como "pano branco" ou ainda como "micose de praia". Trata-se de uma micose causada por fungos, principalmente do gênero Malassezia, que existem até mesmo na pele normal e causam problemas apenas em ocasiões específicas (como em momentos de baixa imunidade, após um tratamento com antibióticos, na ausência de higiene ou devido à má nutrição). Perceberam que não citei a praia? Pois é, o termo "micose de praia" é totalmente equivocado, pois uma coisa nada tem a ver com a outra.
Há duas características básicas dessa doença: A primeira é o aparecimento de manchas esbranquiçadas (com menos frequência as manchas podem ser escuras/avermelhadas), de tamanho variável. São indolores e raramente causam prurido (coceira). Afetam quase sempre a parte superior do corpo (acima do umbigo), principalmente os locais onde a pele é mais oleosa, pois esse fungo produz uma proteína que degrada essa proteção de gordura do nosso corpo. A segunda é a descamação que surge quando se faz um estiramento da pele afetada (é uma ótima forma de diferenciar essa doença de tantas outras).
O motivo da criação da expressão "pano branco" é evidente: devido às manchas geralmente esbranquiçadas. Mas se o problema não está associado à praia, por que dizem "micose de praia"? O que acontece é o seguinte: quando a pessoa com essa micose toma sol, as manchas tornam-se evidentes, pois esse microorganismo tem a capacidade de impedir a produção de melanina (que é o pigmento que dá cor à nossa pele). Há também o fato de as escamas da lesão (às vezes não perceptíveis), com a ação da luz solar, ficarem esbranquiçadas, além de dificultarem a passagem da luz e, consequentemente, a formação da melanina. Dessa forma, onde há incidência de sol e não tem o fungo, aumenta a produção desse pigmento, tornando a pele mais escura. Nos pontos onde há Malassezia, a produção de melanina não acontece, evidenciando as manchas brancas. Ou seja, o sol não causa o problema, apenas mostra algo que já está na pele!
Geralmente as pessoas procuram um dermatologista apenas por motivos estéticos, pois como vimos, não dói e quase sempre não coça. Porém, em pessoas imunodeficientes, esse quadro pode se agravar e causar um problema disseminado no organismo (o que é raro).
O tratamento é simples e o medicamento utilizado é o itraconazol, cetoconazol ou sulfeto de selênio. Seja qual for o medicamento, o ideal é que antes da aplicação seja usado um agente esfoliante (como uma escova), que retira a camada descamada e que melhora a absorsão do medicamento. Algumas pessoas tem muitas recidivas (a doença vai e volta), sendo indicada quase sempre a estas o uso de shampoo com cetoconazol uma vez na semana. Algumas plantas medicinais (como Aloe vera/babosa, Eucalyptus globulus/eucalipto, Vismia guianensis/pau-de-lacre) e produtos à base desses vegetais também parecem ter um efeito satisfatório na prevenção (e no tratamento, geralmente de forma complementar) desta doença.