Quando foi a última vez que você fez todos os exames recomendados pelo médico? Não se lembra? Pois saiba que erra quem vive adiando a ida ao laboratório - seja por causa do corre-corre, seja por temer o que pode encontrar.
Para ajudar você a pôr em dia as principais medidas de prevenção (vacinas incluídas!), preparamos um guia que, seguido direitinho, vai garantir mais saúde e disposição
EXAME - Clínico ginecológico
O QUE DETECTA - O exame pélvico de toque avalia a posição, a mobilidade e o tamanho do útero, dos ovários e das trompas, a presença de tumorações ou aumento de volume de algum desses órgãos. Ao apalpar as mamas, o especialista pode descobrir nódulos, retrações, aderências da pele e secreções. Sob as axilas, ele verifica alterações no tamanho dos gânglios linfáticos. No pescoço, busca saliências e aumento do volume da glândula tireoide.
QUANDO FAZER - Uma vez ao ano a partir da primeira menstruação.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - "Procure o ginecologista antes de completar um ano da última consulta em caso de dores nas mamas não relacionadas ao ciclo menstrual e de dores abdominais abaixo do umbigo, que tenham ou não a ver com a menstruação", recomenda Giovanni di Favero, ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Idem se houver dor durante a relação sexual ou sangramentos fora do período menstrual, assim como aumento do fluxo e secreção vaginal abundante, associada com coceira ou odor forte.
EXAME - Ultrassom transvaginal
O QUE DETECTA - Endometriose, miomas, cistos e nódulos, pois o método fornece imagens de alta definição do útero, endométrio, dos ovários e das trompas.
QUANDO FAZER - Anualmente a partir do início da vida sexual.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - Segundo di Favero, essa é uma ferramenta importante que complementa o exame clínico ginecológico. Permite detectar e avaliar problemas que nem sempre são percebidos visualmente ou pelo toque. É recomendado especialmente em casos de sangramento incomum e para mulheres com ovário policístico.
EXAME - Papanicolau ou citologia oncótica
O QUE DETECTA - Infecções por vírus, fungos e bactérias e células pré-malignas no colo do útero. Segundo tipo de câncer mais comum entre as brasileiras, o do colo do útero está associado ao HPV.
QUANDO FAZER - Anualmente a partir do início da vida sexual.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - A secreção do colo do útero é coletada por meio de um cotonete ou escovinha própria. Esse material será analisado microscopicamente em laboratório. "O papanicolau deve ser feito também quando houver sangramento genital fora do período menstrual ou durante a relação sexual, em caso de secreção vaginal abundante e no controle de mulheres diagnosticadas com HPV", indica di Favero.
EXAME - Colposcopia
O QUE DETECTA - Lesões no colo do útero, na vagina e na vulva.
QUANDO FAZER - Anualmente a partir do início da vida sexual.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - "A rigor, deveria ser indicada apenas nos casos de papanicolau alterado. Porém, como a precisão desse exame muitas vezes deixa a desejar, o ideal é complementá-lo com a colposcopia", diz di Favero. Trata-se de um aparelho que permite visualizar a vagina e o colo do útero com ampliações de dez a 40 vezes. Isso ajuda a verificar alterações, como verrugas, impossíveis de serem vistas a olho nu.
EXAME - Mamografia
O QUE DETECTA - Câncer de mama e microcalcificações que podem evoluir para um tumor maligno. No Brasil, houve cerca de 49 mil novos casos de câncer de mama em 2010. É a maior causa de morte entre as brasileiras.
QUANDO FAZER - Anualmente a partir dos 35 anos.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - "Cerca de 10% dos tumores malignos da mama têm herança familiar", fala di Favero. "Se a mãe ou uma irmã tiveram a doença antes da menopausa, e caso tenha ocorrido simultaneamente câncer de ovário, deve-se iniciar a rotina de detecção dez anos antes da idade na qual surgiu o primeiro caso na família", recomenda o especialista.
EXAME - Ultrassom de mama
O QUE DETECTA - Câncer de mama.
QUANDO FAZER - Anualmente a partir da adolescência.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - "Embora não seja um método de primeira escolha para o diagnóstico precoce do câncer de mama, o ultrassom complementa a mamografia e ajuda a diferenciar algumas lesões principalmente em mulheres com menos de 35 anos", explica di Favero. Nessa faixa etária, a densidade mamária é maior, o que reduz a eficácia da mamografia. Explica-se: mamas densas contêm muitas glândulas e ligamentos, dificultando o flagra no tumor maligno.
EXAME - Hemograma completo
O QUE DETECTA - Anemia, infecções, processos inflamatórios, problemas de coagulação e leucemia.
QUANDO FAZER - Anualmente a partir da infância.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - A menstruação provoca perda sanguínea mensal que pode ocasionar anemia, nem sempre percebida no exame clínico. "Daí a importância desse exame de sangue, que evidencia formas ocultas da doença", diz di Favero.
EXAME - Dosagem dos hormônios TSH, T3 e T4
O QUE DETECTA - Casos de hipo e hipertireoidismo. Se a paciente se queixa de ganho de peso, queda de cabelo, unhas quebradiças e cansaço, a suspeita é de hipotireoidismo. Batimentos cardíacos acelerados, excesso de transpiração, aumento de apetite e perda de peso (apesar da fome maior) são sintomas do hipertireoidismo. O médico pede o exame de sangue até para ter segurança na prescrição da medicação mais adequada.
QUANDO FAZER - A cada cinco anos ou quando o endocrinologista ou ginecologista achar necessário. PALAVRA DO ESPECIALISTA - "A dosagem do TSH, do T3 e do T4 serve para avaliar a presença de doenças na função da tireoide", explica a endocrinologista Cintia Cercato, médica assistente do Serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. "Já o ultrassom da tireoide vai avaliar se há algum nódulo na região. Mas acredito que esse exame deve ser realizado apenas em caso de suspeita de alteração constatada na palpação da glândula."
EXAME - Exame de urina (urocultura)
O QUE DETECTA - Cistite e infecção urinária.
QUANDO FAZER - Quando o médico suspeitar dessa doença - seis em cada dez mulheres já tiveram ou terão pelo menos um episódio desses dois problemas na vida.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - "Ardência ao urinar e aumento na frequência das micções com diminuição do volume de xixi são sinais do quadro", diz di Favero. "Mas podem ocorrer sintomas menos típicos, como dores abdominais e perda urinária por esforço, o que justifica investigar o caso com a urocultura."
EXAME - Dermatoscopia
O QUE DETECTA - Câncer de pele.
QUANDO FAZER - Anualmente desde a infância.
PALAVRA DO ESPECIALISTA - "O exame estima com mais de 90% de segurança quais pintas têm risco de evoluir para um câncer de pele", explica a dermatologista Luciana Conrado, de São Paulo. Essa buscaé feita com uma espécie de lupa que aumenta o tamanho das pintas ou com uma câmera digital que fotografa e amplia os sinais na tela do computador. Dessa forma, o médico será capaz de mapeá-las e acompanhar a evolução delas ano a ano ou indicar a sua retirada.
Maior e vacinada!
Sua carteira de vacinação anda perdida no fundo de alguma gaveta? Trate de resgatá-la (e atualizá-la) para tirar de letra qualquer ameaça à sua saúde
- HPV
Por que tomar - Para prevenir lesões benignas, como verrugas, e câncer no colo do útero, provocadas pelo papilomavírus humano (HPV), e adquiridas durante o sexo, mesmo sem penetração. Estima-se que a doença já afetou - ou vai afetar - 75% da população sexualmente ativa do país.
Quando tomar - De preferência antes da iniciação sexual, quando ainda não houve contato com o vírus. Mas os especialistas têm recomendado a vacina para as mulheres de todas as idades. Só está disponível em clínicas particulares.
- Hepatite A e B
Por que tomar - Ambos os tipos, provocados por vírus, causam inflamação do fígado. A hepatite A, transmitida por água, frutos do mar e vegetais contaminados, tem sintomas tão vagos que podem ser confundidos com os de uma virose ou um resfriado. Em geral, provoca febre, icterícia, fezes claras e coceira generalizada, o que obriga ao afastamento das atividades por até um mês. A hepatite B é sexualmente transmissível e também ocorre por causa de transfusões de sangue e por meio de agulhas contaminadas. Após a fase inflamatória, se o vírus não for eliminado naturalmente, há risco de evoluir para cirrose e câncer de fígado.
Quando tomar - A vacina conjugada contra os tipos A e B tem de ser administrada em três doses, com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda e de seis meses entre a primeira e a terceira.
- Gripe
Por que tomar - A tríplice ou trivalente imuniza contra dois tipos de gripe sazonal e também contra a H1N1. Embora seja recomendada para crianças e pessoas acima de 60 anos, todo mundo pode se beneficiar especialmente mulheres com doença crônica respiratória, como bronquite e asma.
Quando tomar - Uma dose anual, preferencialmente durante o outono.
- Difteria, tétano e coqueluche (DTP)
Por que tomar - A difteria é uma doença respiratória provocada por bactéria, transmitida por gotículas de saliva. O principal sintoma é uma inflamação na traqueia ou na laringe, que pode levar a uma insuficiência respiratória muitas vezes fatal. O tétano produz rigidez muscular em todo o corpo e ataca sobretudo o sistema nervoso central, também é causado por bactéria. Ela se infiltra em lesões da pele, mesmo as tão pequenas que nem sequer são aparentes. O simples manuseio de uma planta que contenha o microrganismo - e não apenas pregos enferrujados, como se imagina - é capaz de desencadear o mal. A coqueluche provoca intensas crises de tosse.
Quando tomar - Todos deveriam tomar as três doses da DTP na infância. Os adultos que nunca foram vacinados contra difteria e tétano precisam de três doses da dT. Então, quem tomou uma ou duas e interrompeu tem de completar o total de três com um intervalo mínimo de 30 dias entre uma dose e outra. Depois só precisa tomar o reforço a cada dez anos. Se houve ferimento, tem de abreviar esse espaço de tempo para cinco anos.
- Sarampo, rubéola e caxumba (SRC) ou tríplice viral
Por que tomar - Nos adultos, o sarampo, que provoca manchas avermelhadas na pele, muitas vezes evolui para otite, pneumonia e encefalite. Nas grávidas, pode levar ao aborto. A rubéola contraída pelas gestantes atinge o feto, com risco de causar surdez, cegueira e malformação cardíaca. Os sintomas mais comuns da caxumba são inchaço e dor nas glândulas sob a língua e na mandíbula e pode resultar em inflamação nos ovários.
Quando tomar - Se você tiver até 49 anos e não foi vacinada, tome duas doses com intervalo mínimo de quatro meses entre elas. É importante ao longo da vida receber duas doses. Se estiver de viagem marcada para o exterior, sobretudo para países da Europa ou Estados Unidos, onde há surtos epidêmicos, vacine-se pelo menos 15 dias antes de embarcar. Não há problema em tomar a vacina mesmo que você já tenha sido imunizada e não se lembre. Suas defesas têm memória e ficarão ainda mais fortalecidas.
- Catapora
Por que tomar - Na vida adulta, a doença, provocada por vírus, pode deixar cicatrizes na pele, além de ocasionar herpes- zóster, pneumonia e infecções de ouvido.
Quando tomar - Se você não tomou na infância, vai precisar de duas doses com intervalo de três meses.
Fontes: Arnaldo Lichtenstein, clínico geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP); Claudia Regina K. Lopes, médica infectologista da Clinivac Imunizações, em São Paulo; Roberto Florim, médico infectologista e pediatra, em São Paulo.